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terça-feira, outubro 09, 2007

I - Vazio

Vazio. Todo o mundo à minha volta. No entanto, esta ausência de ser e de ter que outrora me satisfazia exerce hoje uma enorme pressão sobre mim. Deixou de ser suficiente. Já não sei viver assim, no silêncio de não ser nada.
Pego numa caneta que acabei de criar, mentalmente, e começo a criar o mundo à minha maneira. Começo pelos primeiros passos, para me começar a deslocar. Um caminho, rumo ao infinito, rumo a ti. Pedras de granito, alinhadas umas depois das outras, espaço, talvez um metro de largura, o suficiente para que, seguindo em frente te encontre afinal. Continuo, caminho, primeiros metros com vegetação densa de ambos os lados, talvez algo semelhante a uma floresta centro americana...não, vamos limitar-nos ao belo Portugal, pinhal, de ambos os lados, cada pinheiro alinhado perfeitamente, como o criador iria gostar. Não chega, não está sombrio o suficiente, pomos um céu, de noite, céu limpo, uma ou duas nuvens baixas na distância; a lua, brilhante. Já tenho algo, um principio.
Levanto-me do pedaço de branco que me sustentava no vazio, não sei porquê branco, talvez porque me dá segurança, e sigo pelo caminho que escolhi criar. Vou enfrentar os meus demónios, vou triunfar perante os meus medos. Entro na densa floresta de espinhos verdes e, no escuro, falta algo. Lobos, é isso. Lobos famintos, que me olham de ambos os lados e me desejam destruir, comer-me vivo; duma forma animalesca talvez seja assim que vejo os outros que povoavam o mundo antes de me consumir em mim. Caminho agora, rumo ao final da floresta sem fim, com os olhos brilhantes a mirarem-me, a lua no horizonte e o caminho perante o meu olhar.

Não tenho medo, sei que estás do outro lado, no vazio que irei preencher.

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