O frio que sinto hoje não se limita ao que os demais sentem. Este ardor gelado que me invade de dentro para fora toma conta de mim. Do meu mundo. Já me senti assim outras vezes, mas nunca se provou tão difícil de suportar. O vazio que deixaste em mim alimenta-se do meu ser e cresce dia após dia. As saudades de sentir a tua pele na minha aumentam a cada palavra que te ouço proferir, e é difícil demais. Não costuma ser assim. Normalmente, enfrento o luto que deixa a ausência de alguém com as cores vivas da essência do meu ser. Hoje, é difícíl demais. O manto negro extende-se cada vez mais e as nuvens de pó cobrem a minha vida. Ou o que resta dela. O que não levaste.
Em breve não haverá restia de vida em mim. Não sei como o evitar. Custa-me enfrentar um doce vazio que usa como armas os momentos que vivemos juntos e eu teimo em recordar. Até que ponto será mau recordar? Normalmente, as recordações que ficam são as minhas próprias armas contra partes do passado que não quero que se repitam. Agora, ao tentar pegar na espada do passado para te apagar, pego-lhe pela lâmina, vejo o meu sangue a correr por cima de imagens nossas e as gotas desse sangue são aquelas lágrimas que os meus olhos teimam em não soltar.
Não te posso combater, tu és parte de mim.
terça-feira, dezembro 12, 2006
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1 comentário:
"e as gotas desse sangue são aquelas lágrimas que os meus olhos teimam em não soltar"
Eu sabia! Tinha que haver um "comentário" á machão no meio disto tudo!
Olha que chorar não é sinal de fraqueza, muito pelo contrário.
"Até que ponto será mau recordar?"
Até ao ponto que essas recordações te façam sofrer em vez de terem o objectivo de apenas recordar momentos passados. Parece simples né feio?.. ;)
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