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terça-feira, agosto 24, 2004

Vidas...

Gustavo era um rapaz como tantos outros, mas com uma grande diferença, ele queria ser um rapaz normal. Gustavo era daquele tipo de jovem que vivia coberto com uma camada de surro sobrenatural, emanava um cheiro nauseabundo e dava a palma a qualquer coisa que cheirasse a lucro e estivesse nas proximidades. Acho que já se tornou claro, Gustavo não era um preto, era um Cigano. Ele queria ser asseadinho, bonito, inteligente, mas mais do que tudo, queria ser gente. Assim, partiu em busca da sua fada madrinha (todos os coitadinhos das histórias têm uma) e meteu-se à aventura.

Voou sobre vales e montanhas, correu que nem o vento (carrapito a dar a dar), esperneou que nem uma maluca, mas não houve quem lhe acudisse... a sua fada, das duas uma, ou não existia, ou estava bem escondida como o caralho. Até que um dia, pouco depois de tropeçar numa banana, dar com os cornos num calhau, ou simplesmente levar um enxerto da polícia de intrevenção, já não tenho a certeza, ele descobriu onde estava a sua Fada. Estava dentro dele! A puta da Fada na realidade existia no seu interior, qual gema no interior do seu ovo, ou mesmo Cócó no teu intestino, a fada era a sua vontade de mudar e tornar-se numa pessoa (já não digo normal... digo tornar-se mesmo numa pessoa, porque estes filhos da puta são tudo menos pessoas).

Assim fez. Largou os subsídios do estado, pôs os trapos de lado e foi vestir a sua roupa menos suja, levantou-se e disse bem alto: "Ó mãe! Fodass! Hoje não vou pedir prá igreja. Hoje vou ser gente, vou procurar um emprego." - ao qual a mãe respondeu: " Vais é o caralho, ó Filho da Puta! Vais é vestir a roupa suja que eu roubei e passar a merda da droga antes que eu te parta o focinho." - e pronto... ele, inconformado, lá pegou no seu mercedes novo e saiu da "urbanização" de barracas e foi passar a Droguinha. Só depois, voltou a "casa", desligou o computador do puto irmão, pegou pla orelha do gajo e, depois de desligar a TV Cabo gritou: "Vens comigo ó cabrão! Vamos trabalhar."

Foram os dois, Gustavo e Guilherme, Rua abaixo, qual cócó e ranheta (esquecendo o facada), lelo e irmão lelo, até ao banco, pedir emprego, porque um ciganinho não trabalha, quer emprego, e não pode ser muito tempo nem cansar muito. Tem que ser um bom emprego. Entraram no Banco, procuraram por alguém que soubesse ler e foram até ao caixa: " Ó Caixa, ondé que tá o gerente!" - gritou o Gustavo, dos seus 18 anitos de sabedoria. O polícia ouviu e meteu-lhes dois balázios no corpo: " Vai roubar é o caralho cigano da merda."

- Fim -

1 comentário:

Ruim dos Santos disse...

um belo texto.. pena q irreal.. uma fada ainda vá agora um cigano q quer mudar.. O fim tb é 1 pco infeliz pois dá ideia q a ciganada é mm incompreendida e q nao os querem é ajudar. Viva o agente Silva!