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quinta-feira, julho 15, 2004

One

Esqueçam as noites escuras, os becos apertados, os homicidios bastante estudados e organizados. Esqueçam isso tudo. Não pensem em locais exactos, em pessoas especiais, em contactos, em situações ornamentais. Pensem num homem. Ganga azul nas calças e no casaco. T-shirt negra e as belas das sapatilhas cinza. A rua povoada de gente numa tarde de verão. No seu final o Casino, do lado direito os "dreads" a conversar junto ao salão de jogos e junto ao lado esquerdo todos passeiam, para um lado e para o outro, sem destino em concreto. O Homem sobe as escadas calmamente e entra na esplanada. É um homem normal como todos os outros, e, como tal, passa despercebido aos demais. Segue o seu caminho, vagueando entre novos e velhos, homens e mulheres, com poucos trajes porque o calor aperta. Passa pela primeira fornada de cafés, olha para o seu lado esquerdo e fixa o olhar num rapaz. Não pára. Continua o seu caminho, seguindo o rapaz que está sentado na esplanada daquele bar até que o seu raio de visão assim o permita, e acaba por parar junto à passadeira, perto do semáforo, e fuma o seu cigarro. O Sol continua a brilhar enquanto e cigarro queima... o segundo cigarro queima... e a meio, o terceiro voa até ao chão e o Homem segue o seu caminho atrás da sua presa. Passa pelos jovens que estão por todo o lado, persegue-o, camuflado pela multidão, até à zona do salão de jogos. Aí, o animal decide atacar. Ganha velocidade no seu passo, põe a mão no interior do casaco de ganga e agarra o punho da sua arma. Era uma arma negra, virgem, que ele tinha trazido pela primeira vez para a rua, depois de a ter alterado. O passo continua rápido e, ao ultrapassar o cruzamento que daria para alguns bares mais "betos" ele dá um encontrão à pessoa que se encontrava do seu lado esquerdo. Neste instante ele pede desculpa e prime o gatilho. A turista responde que "não há problema" e segue a sua pacata vida, enquanto outra pessoa cai no chão sem se saber porquê. Junta-se uma grande roda em volta do rapaz. Que se passou? Ninguém consegue perceber. O Caos criado nestes momentos serve mais uma vez o interesse deste homem, e ele segue o seu caminho até ao carro, impune.

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